Os olhos dela se mantiam fechados. Não conseguia abri-los, talvez pelo cansaço, talvez porque algo os tapava. Manteve-se entregue àquele letargo, ouvindo o coração bater calmamente.
Com os olhos fechados e a falta de movimento, ficou sentindo as coisas ao seu redor. Estava deitada sobre uma esteira de palha que de vez enquando a espetava, mas ela já tinha se acostumado com aquilo. O cheiro úmido da grama e o ar fresco anunciavam o início da manhã. Estava ligeiramente mais fria do que nos outros dias, mas, mesmo com a roupa curta que usava, ela não sentia frio.
Ainda ouvia as batidas do coração, senão fosse por ele, os sons da manhãs se resumiram a alguns pardais cantando ao longe.
Ouviu passos se aproximando e de repente um vento frio entrou onde estava, fazendo-a se encolher e lembrar finalmente dos cortes da noite anterior.
-Bom dia. - Uma voz masculina disse em algum canto do lugar. - Dormiu bem?
Ela não respondeu. A pessoa tinha trazido algo com cheiro forte e se aproximava lentamente, sem nenhuma pressa. Sentiu alguém puxando suas pernas para que ficassem estendidas novamente. Em seguida, um pano quente foi colocado em sua pele e um ardor percorreu seu corpo.
-Os machucados logo vão sarar. -Ele continuou.
Os braços dele foram passeando pelo corpo dela. Pernas, barriga e ombros. Um por vez, bem lentamente. Então, ele retirou o pano que cobria os olhos dela e ela se deparou com um par de olhos acinzentados e um sorriso carinhoso.
Sentiu seus lábios se contorcerem em um sorriso também.
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